sexta-feira, 5 de março de 2010



Serra é o candidato




O PSDB não está conseguindo articular a chapa majoritária à Presidência da República, ponto inicial para as definições dos candidatos estaduais. Começou com a disputa entre José Serra e Aécio Neves, governadores de São Paulo e de Minas Gerais, respectivamente, dois nomes de projeção nacional e, portanto, partidária. Serra ou Neves era bem recebido pelos partidos aliados, que comporiam a chapa indicando o nome do candidato a vice-presidente. Não se pode dizer que o processo foi malconduzido, mas o fato é que o impasse foi criado e tornou-se instransponível. O DEM colaborou para a solução, abrindo mão da indicação do candidato a vice-presidente e trabalhando para que governador de Minas fosse candidato. O mais importante era o fortalecimento da chapa oposicionista.
Serra e Neves não recuaram de seus projetos. O problema tornou-se mais grave quando a cúpula do partido assumiu preferencialmente a candidatura de Serra. O engano foi acreditar que Neves aceitaria ser o seu companheiro de chapa, o que não aconteceu. Como forma de pressão, foi anunciada a candidatura do senador Tasso Jereissati, mas isso não incomodou Aécio. Serra declarou ser paciente e que no momento certo conversaria com o colega governador. Chegou a anunciar que iria a Minas Gerais, quando Aécio retornasse de viagem de férias pela Europa. Aécio chegou, mas Serra não foi ao seu encontro. A oportunidade surgiu com a sessão solene do Congresso Nacional , em Brasília, em comemoração ao centenário de nascimento do ex-presidente Tancredo Neves, e 25 anos da Nova República.
Após a sessão, foi sugerido encontro da cúpula tucana para organizar a chapa Serra e Aécio, que seria anunciada de imediato. Aécio manteve-se firme e foi convincente ao expor as razões pelas quais não quer ser candidato a vice-presidente. Reafirmou que disputará uma cadeira ao Senado e que trabalhará no sentido de ajudar José Serra em Minas. Lembrou frase do seu avô, Tancredo. "Não admito ser empurrado. Ninguém vai empurrado, repetiu várias vezes". Diante da decepção dos correligionários, a ideia era que Serra sinalizasse para o início da campanha, alegando-se que a ministra Dilma Rousseff subia rapidamente nas pesquisas de opinião pública. Serra ouviu crítcas constantes de seus companheiros por conta da demora em iniciar sua campanha para presidente. Serra saiu do encontro sem ao menos dar entrevista.
Ontem, os tucanos estiveram novamente reunidos na inauguração da nova sede do governo mineiro. Compareceram os 14 senadores do PSDB e outros do DEM. A presença de José Serra foi interpretada como confirmação de sua candidatura. Na solenidade de homenagem a Tancredo Neves, Serra e Aécio foram os dois únicos governadores presentes ao local. Ao que parece, Serra vive o lema de ser candidato ou permanecer como governador de São Paulo. Os últimos acontecimentos, envolvendo o governador de Brasília, José Roberto Arruda, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, confundiram mais ainda a situação. Serra está sendo empurrado para assumir a candidatura presidencial. O DEM não se define em relação ao candidato a vice-presidente. Assim, Serra iniciará sozinho sua campanha ao Planalto.

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