quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Entevista com Iberê Ferreira

Marcos Antonio
Da Redação

ESCOLA - Um dos entraves para a absorção dos mais jovens no mercado de trabalho é a falta de experiência profissional e a baixa escolaridade. Como isso vai ser resolvido?

IBERÊ FERREIRA - Hoje, graças à parceria do governo do presidente Lula e do Governo do PSB, temos 12 IFRNs em funcionamento no Estado. Com essa referência, vamos implantar 10 Centros Estaduais de Ensino Profissionalizantes nos municípios de Alto do Rodrigues, Mossoró, Tibau, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante (2), Ceará Mirim, Extremoz e Natal (2). Desses, quatro já iniciaram as obras, outros quatro estão em fase de contratação das empresas ganhadoras e os de Natal estão em fase de licitação. Cada centro representa um investimento de R$ 5,5 milhões. Os centros profissionalizantes terão 4.200 metros quadrados de área, 10 salas de aula, 6 laboratórios, anfiteatro, ginásio poliesportivo, auditório e biblioteca. Os recursos já estão assegurados. E o objetivo do Governo Iberê é que outras 74 escolas estaduais recebam laboratórios e também se transformem em escolas profissionalizantes estaduais. Será criada, assim, a rede estadual de ensino profissional. Além dos Centros de Educação profissionalizantes, vamos promover o maior programa de capacitação do Estado. Nos próximos quatro anos, vamos qualificar 350 mil pessoas que estarão preparadas para ocupar as novas vagas de empregos em obras como o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, Refinaria Clara Camarão e obras da Copa 2014.


E - Em relação ao ensino médio, o que vai ser feito para evitar a evasão de alunos e prepará-los para a vida profissional?

IF - Vamos combater a evasão escolar em quatro áreas - melhorando a estrutura física das escolas, abrindo 4 mil novas vagas para professores, implantando laboratórios de informática e bibliotecas e construindo quadras esportivas em todas as escolas. Para combater a evasão, sabemos que é preciso implementar uma série de medidas para oferecer uma escola de qualidade onde o aluno tenha motivação e se torne um profissional bem sucedido. Estamos resgatando a qualidade do ensino público no Estado, que está sofrendo hoje a falta de investimentos de décadas passadas.


E - Outro grande problema vivido pelas escolas é a violência. Alunos violentos ameaçam professores e funcionários. O que será feito para que isso não ocorra? Que segurança o professor terá de que ele pode trabalhar naquele lugar sem que sofra agressão ou roubo?

IF - Uma das principais bandeiras da nossa administração é o combate às drogas e à violência. E foi por causa disso que no último mês de junho implantamos o Programa Ronda Escolar, que é uma iniciativa inédita no Rio Grande do Norte. São 60 policiais militares e 15 viaturas que hoje fazem o policiamento ostensivo e interativo, das 7h às 22h30, nas áreas próximas às escolas. O objetivo é inibir a violência, a venda e o consumo de álcool e drogas. Nesses três primeiros meses de funcionamento, o programa tem sido muito bem avaliado por pais, alunos e professores e a nossa intenção para o nosso próximo governo é estender o Ronda Escolar para as principais cidades do Estado, garantindo assim a segurança e o combate às drogas e à violência nas escolas. O programa está na Grande Natal, e vamos ampliar para as escolas das 15 maiores cidades do Estado. Esse programa é executado em parceria com o Proerd, que é referência nacional na prevenção ao uso de drogas.


E - Muitas escolas estaduais estão em estado precário, com a quase completa deterioração. Em algumas, professores e alunos correm riscos. Como será feita a melhoria da estrutura da escola, de quanto em quanto tempo?

IF - Estamos realizando um dos maiores investimentos da história da Educação do Rio Grande do Norte. Estão sendo investidos R$ 118 milhões em obras de construção, reforma e ampliação de 78 escolas da rede estadual, com recursos da ordem de R$ 63 milhões, e na construção de mais dez centros de ensino profissionalizante, nos quais o Governo está aplicando recursos que somam R$ 55 milhões. Esses recursos, aliados a um completo programa de valorização do professor trará resultados práticos em curto prazo. A questão da inserção dos jovens no mercado de trabalho será facilitada com a inauguração dos centros de ensino profissionalizante. Os alunos já sairão com o ensino médio completo e com um curso técnico, prontos para entrar no mercado de trabalho e/ou cursarem uma universidade. A expectativa é de que até o fim do próximo ano todas as escolas da rede tenham passado por melhorias.


E - Os professores hoje se sentem desvalorizados, principalmente em relação ao salário. O piso salarial nacional foi rejeitado pelos Estados, e os governos encontraram uma saída de diminuir o valor a ser pago. Caso eleito, haverá alguma mudança, utilizando-se o valor estabelecido pela lei, já que ela estabelece um valor para ATÉ 40 horas de trabalho?

IF - Uma de nossas principais plataformas para a educação é a valorização do servidor. Para se ter uma ideia do investimento que o governo do PSB vem fazendo no setor, a folha de pagamento da Educação saiu de R$ 19 milhões/mês, em 2003, para R$ 54 milhões mensais, em 2009. Além disso, também implementamos uma série de benefícios para a categoria como o Plano de Cargos e Salários. Mais recentemente o Governo do Estado entregou a cada professor da rede que está em sala de aula um notebook para que ele possa acessar a internet e melhorar o conteúdo ministrado na sala de aula. Para a nossa próxima gestão, uma das nossas metas é implantar a meritocracia nas escolas da rede pública. Vamos criar um sistema de avaliação - uma espécie de Ideb estadual - que vai verificar a qualidade do ensino e identificar as falhas a fim de trabalhar as causas do problema. Nós faremos uma revolução na educação. Nas escolas que obtiverem notas acima da média 5,0 no Ideb estadual, os professores serão premiados. No fim do ano, os profissionais das escolas com melhores notas receberão o 14º salário e os professores da escola com a melhor média em todo o Estado receberão o 15º salário. É uma forma de estimular os nossos professores para que eles se sintam valorizados e o desempenho dos alunos possa melhorar.


E - Como o governo fará para acabar com a falta de professores na rede?

IF - No início deste mês de setembro, publicamos o edital de processo seletivo para a contratação temporária de 1.225 professores para solucionar emergencialmente a escassez de professores na rede estadual. Mas sabemos que isso não resolve o problema. Por essa razão já foi encaminhado à Assembleia Legislativa um projeto para a realização de um concurso público para a contratação de 4.000 professores em caráter permanente para a Secretaria Estadual de Educação e Cultura. Se tudo correr dentro do previsto, até o fim do ano deve sair o edital de convocação do certame. É interessante destacar também que nesse próximo processo seletivo, além de profissionais para ensino fundamental e médio, também vamos contratar professores para a educação profissionalizante e técnica para suprir a demanda que será criada com a inauguração dos dez Centros de Ensino Profissionalizante. Será uma inovação no ensino público do Rio Grande do Norte.


E - Os professores já sinalizam para uma greve no início do ano letivo de 2011. Como contornar essa situação, caso ganhe a eleição?

IF - Ainda é muito cedo para falarmos em paralisações e greves para o ano letivo de 2011. Até lá uma série de medidas do nosso governo ainda estarão sendo implantadas, então seria precoce fazer qualquer avaliação. Temos consciência da eficácia de algumas dessas medidas, e quando chegar o momento certo a própria categoria fará a avaliação. Mas independentemente de qualquer coisa estamos sempre abertos para discutir e negociar ideias e propostas para a melhoria da qualidade da educação no nosso Estado.


E - O Rio Grande do Norte está hoje com uma nota muito ruim na avaliação da educação básica. Como transformar a educação potiguar atual em uma educação de qualidade? É possível?

IF - Estamos cientes de que é preciso fazer uma revolução na educação do nosso Estado, mas essa revolução já começou. O conjunto de medidas que citamos aqui - valorização dos servidores e professores, investimentos em obras, reformas e melhoria das escolas, construção de centros de ensino profissionalizante, ações que visam à motivação do magistério, a implantação da meritocracia e a criação de um sistema de avaliação estadual, por exemplo, denotam a importância com que o tema vem sendo tratado no nosso governo. É possível transformarmos essa realidade, desde que todos os entes estejam realmente envolvidos - poder público, servidores, alunos e pais.


E - Como fazer para evitar que os alunos esvaziem as escolas da rede estadual em busca de uma educação melhor? O que o Governo vai fazer para "segurar" esses alunos na própria rede estadual?

IF - Como eu disse no início, para combater a evasão, sabemos que é preciso implementar uma série de medidas que transforme a escola em um lugar atrativo para os estudantes. E isso passa por uma boa qualidade do ensino, mas também a oferta de esportes e lazer e cursos que agreguem conhecimento aos jovens.


E - Caso a escola não atinja uma nota ideal no IDEB, como o Governo fará para que essa escola possa melhorar sua qualidade?

IF - Já a partir do próximo ano, nós vamos implantar um sistema de avaliação da rede estadual. Vamos criar uma espécie de Ideb estadual - que vai avaliar a qualidade do ensino e identificar as falhas para que se possa propor medidas para combater o problema. As escolas que obtiverem notas acima da média 5,0 no Ideb Estadual, terão seus professores premiados. No fim do ano, os profissionais das escolas com melhores notas receberão o 14º salário e os professores da escola com a melhor média em todo o Estado receberão o 15º salário. É uma forma de estimular os nossos professores para que eles se sintam valorizados. As escolas que não atingirem a média serão avaliadas pelas Direds para que possa ser identificado o problema e ele possa ser solucionado.


E - O que o senhor considera uma educação de qualidade? E como fazer para atingir essa educação de qualidade?

IF - Um ensino de qualidade passa pela melhoria da condição social do aluno e sua família, valorização/capacitação e motivação de professores e funcionários, boas condições físicas das escolas, tecnologia e informação à disposição de comunidade escolar, gestão eficiente e desburocratizada. Uma complexidade enorme de fatores que devem receber investimentos simultâneos. Estamos investindo no presente para resgatar a qualidade do ensino público. Com a ajuda de toda comunidade escolar (pais, alunos, professores e funcionários) tenho certeza de que vamos alcançar essa meta.


E - Como o Governo pretende estimular a leitura nas escolas da rede estadual?

IF - Uma das principais medidas: todas as escolas estaduais terão uma biblioteca com um bom acervo. Esta semana estive com uma das diretoras do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, para assinar o Manifesto por um Rio Grande do Norte de Leitores, elaborado pela ONG com base nos anseios dos professores da rede pública de ensino de todo o Estado. O objetivo do manifesto é estimular Estado e municípios a se transformarem, efetivamente, em promotores da leitura literária nas escolas e esse é um caminho que pretendemos trilhar ao logo dos próximos anos à frente do Governo do Rio Grande do Norte. A leitura é uma das principais formas de se adquirir conhecimento e ampliar a nossa visão do mundo. Os professores são parte importante nesse contexto, e a nossa ideia é fazer com que eles também se integrem a esse processo que resultará em benefícios para todos os envolvidos.


E - Em relação à inclusão de pessoas com deficiência, o que o Governo fará para que todos tenham acesso e a escola tenha condições de recebê-los?

IF - Todas as escolas da rede estadual de ensino estarão aptas a receber alunos portadores de necessidades especiais. As obras e reformas da infra-estrutura física das escolas contemplem também essas melhorias - banheiros adaptados, rampas, portas mais largas. É dever do Estado oferecer educação a todos os cidadãos.


E - Como o Governo fará para superar o analfabetismo que ainda existe no Estado?

IF - Uma das nossas metas mais audaciosas é a erradicação do analfabetismo no Estado. E esse processo já teve início, com o apoio do Governo Federal. Somente no biênio 2009/2010, o Governo do Estado capacitou 5.500 educadores do programa que está alfabetizando 150 mil pessoas em todo o Rio Grande do Norte até o fim deste ano. O programa, comandado pela Secretaria Estadual de Educação, está investindo recursos do Ministério da Educação da ordem de R$ 5,9 milhões.

Gazeta do Oeste

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