terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ruim até para a empresa

A má notícia é que, em muitos casos, os puxa-sacos podem se dar bem. “O puxa-saquismo é como a corrupção. Para ela existir são necessários dois personagens, o corrupto e o corruptor. Da mesma forma, se nenhum chefe apreciasse o puxa-saquismo, os puxa-sacos já estariam extintos. Quando um chefe que aprecia elogios encontra um subordinado que se dispõe a fazê-los, os dois viverão felizes até o dia em que o contrato de trabalho do chefe terminar”, diz Gehringer. “Para alguns chefes que gostam de ter seu ego inflado por elogios fúteis, os puxa-sacos cumprem o mesmo papel que os bobos-da-corte cumpriam nos tempos medievais - manter o bom humor e a auto-estima do soberano”, afirma o consultor.

O que não significa, é claro, que ser puxa-saco seja um bom negócio. Não é – nem para a empresa, nem para o funcionário. “Para a empresa, como uma instituição que precisa gerar lucro, o puxa-saco é um inconveniente, porque ele está preocupado apenas consigo mesmo”, afirma Gehringer. Daniella concorda. “Os puxa-sacos são profissionais inseguros e que usam essa tática para alcançar os seus próprios interesses. Além disso, fazem fofocas e intrigas e, portanto, comprometem o ambiente corporativo”, explica.

Para o funcionário, ser puxa-saco pode ser um tiro no pé. Ele é alvo do desprezos dos colegas e isso pode atrapalhar a sua imagem. E os colegas de hoje podem ser as pessoas que os indicariam para um novo emprego amanhã (para aquele “dia em que o contrato de trabalho do chefe terminar”). “[O puxa-saco] poderá passar a impressão de incompetente pelo excesso de bajulação”, diz a consultora de RH.

Como lidar

Se você tem um colega puxa-saco, antes de tudo, pense com calma: ele é realmente um bajulador ou você está apenas com uma pontinha de inveja de seus resultados? “Muita gente boa acaba sendo rotulada como puxa-saco por inveja de colegas que não conseguem ter os mesmos resultados, nem a mesma desenvoltura”, afirma Gehringer.

Daniella orienta: “Avalie quais são as exigências de seu chefe e o que ele avalia e reforça em seus feedbacks. Se ele é um chefe que preza a competência e o comprometimento, certamente o seu colega tem méritos em seu trabalho. Caso perceba que seu chefe prioriza as relações pessoais ao profissionalismo, poderá ser um forte indício que o trabalho de seu colega não necessariamente tenha tantos méritos.”

Em caso de puxa-saco detectado, cuidado. “É preciso ter sempre em mente que o principal objetivo do puxa-saco é ele mesmo. Não se deve fazer confidências para o puxa-saco, sejam elas pessoais ou profissionais, porque isso inevitavelmente acabará chegando aos ouvidos do chefe, e sempre de maneira distorcida. As duas maneiras sábias de conviver com o puxa-saco são a distância e o silêncio”, aconselha Gehringer.

E fique esperto: para sobreviver à crise, ser puxa-saco é ruim, mas passar despercebido é pior ainda. Utilize o marketing pessoal a seu favor, apresentando resultados práticos, sem bajulação. Mas não fique sentado no seu cantinho sem interagir com o chefe. “O puxa-saco tem mais chances de sobrevivência do que o colega bonzinho e quietinho, que faz seu serviço bem feito, mas nunca aparece. Numa eventual lista de dispensas, os anônimos correm mais risco”, afirma Max Gehringer.

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